O Azul de Origem Vegetal
Índigo Natural
O Azul de Origem Vegetal
Matéria-prima:
O Índigo natural é obtido a partir da fermentação das folhas de várias espécies de anileiras como por exemplo as do gênero Indigofera ssp., exemplares perenes nativos e/ou cultivados.
Nomes Botânicos:
Indigofera spp. (família: Leguminosae). Espécies conhecidas: Indigofera tinctoria L.; Indigofera anil L.; Indigofera arecta Hochst.; Indigofera suffruticosa Mill.; Indigofera spicata Forssk.; Indigofera argentea Burm. f.; Indigofera guatemalensis Moc. & Sessé; Indigofera truxillensis H.B.K. , Fabáceas.
Sinônimos:
Do sânscrito nili, do árabe an-nil, no Brasil anileira e do espanhol añil, de onde deriva o nome “anilina”. Anil, anil-de-pasto, anil-dos-tintureiros, anileira, cáa-abi, cáa-chica, guajaná-timbé, anileiro, indigoteiro, indigueiro, anilão, anil-assu, timbó-mirim, arruda-brava e amendoim-bravo.
Distribuição e ocorrência:
O gênero Indigofera spp. compreende mais de 200 espécies e variedades nativas e cultivadas, amplamente distribuídas nos continentes Africano, sul da Ásia, América tropical, Europa e Austrália. No Brasil é encontrado em diversas plantas do gênero Indigofera sp da Família das Fabáceas, Leguminosas; outras do gênero Solanum sp da Família das Solanáceas – anilão (Solanum indigoferum), e do gênero Eupatorium sp. – anil-açu (Eupatorium laeve DC.) da Família das Asteráceas.
Forma comercializada internacionalmente
Blocos como pequenas pedras de giz ou como um extrato em pó de coloração azul escuro intenso. A substancia cromática do Índigo não é encontrada na planta viva, e só é obtida após a fermentação das folhas frescas em água, e por oxidação complexa-se e precipita como pigmento azul Índigo, insolúvel.
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Produtos auxiliares:
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– Redutor ETNO IND (Agente redutor e solubilizante de Índigo)
– Nature ETNO Fix IND (Agente de fixação para Índigo)
O índigo é o mais antigo corante azul utilizado em têxteis, com origem na Índia, considerada a primeira civilização a utilizar o anil. Registros em manuscritos antigos, com mais de 6.000 anos, como o Atharvaveda e o Samyutta Nikaya, mencionam o uso do índigo como tintura.
Civilizações na Mesopotâmia, Egito, Grécia, Roma, América Central e Andes também usaram o índigo como pigmento. No Egito antigo, diferentes tons de azul eram utilizados em tinturas e na pintura de murais, além de serem empregados nas bandagens das múmias.
A associação da Índia com o anil é percebida no uso da palavra grega “indikon” (indicum – tintura). Os romanos adotaram esse termo, que se transformou na palavra “índigo” em inglês. Uma tabuleta cuneiforme da Mesopotâmia do século VII a.C. mostra receitas de tingimento utilizando o anil.
Registros do período greco-romano também mencionam o uso do índigo como pigmento na pintura.
Graças a Marco Polo, o índigo indiano (Indigofera tinctoria) tornou-se disponível na Europa no século XIII, enfrentando resistência de produtores de pastel (woad, Isatis tinctoria) da Inglaterra, França e Alemanha até o século XVI. O índigo conquistou o mercado devido ao seu alto teor corante e custo mais baixo, além da abertura de rotas marítimas para a Índia e do desenvolvimento de plantações em grande escala nas Américas. Marco Polo descreveu, no século XIII, processos de obtenção do pigmento a partir das folhas da planta. O índigo era um artigo de luxo importado da Índia por comerciantes árabes e permaneceu raro na Europa durante a Idade Média. O “pastel”, tintura quimicamente idêntica ao índigo, era derivado da planta nativa da Europa – Isatis tinctoria.
No final do século XV, a descoberta de uma rota marítima para as Índias pelo explorador português Vasco da Gama facilitou o comércio direto com a Índia, China e Japão, aumentando significativamente a importação e o uso do anil na Europa.
O índigo, proveniente da Ásia, chegou à Europa através dos portos de Portugal, Países Baixos e Inglaterra, enquanto a Espanha importava da América Central e do Sul, onde a tintura foi amplamente produzida.
Durante o período colonial, o índigo era produzido na Índia e na América Central, sendo depois transferido para São Domingos, Luisiana e Guiana pelos franceses, e para a Jamaica e Carolina do Sul pelos ingleses. As plantações de anil prosperaram em climas tropicais, com a Jamaica e a Carolina do Sul como principais regiões de cultivo, utilizando trabalho escravo africano. Em 1773, a Carolina do Sul exportou 600 mil quilos do corante para a Europa.
Na África Ocidental, o anil era tradicionalmente utilizado, alcançando seu apogeu no norte da África entre os “Homens Azuis”, nômades do deserto do Saara. Os tuaregs usavam o corante para tingir trajes e turbantes, enquanto em regiões como a Nigéria e Mali, as mulheres dominavam a técnica de tingimento. Entre os Hauçás, a tintura era a base da riqueza da antiga cidade de Kano.
No Japão, durante o período Edo, a proibição do uso da seda levou os japoneses a importar e plantar algodão, sendo o índigo a única opção viável para tingir a fibra. Com o tempo, o índigo tornou-se uma cor apreciada para o quimono de verão, o yukata.
No Brasil, a planta era conhecida entre os indígenas pelo uso tintorial, mas não cultivada. Em 1689, o governador da Bahia solicitou sementes de índigo da Índia. A Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão, fundada em 1756, enviava para a Europa anil e outros corantes. O cultivo foi promovido pela Academia Científica do Rio de Janeiro, e até 1779, as exportações brasileiras atenderam ao mercado português.
Entre 1800 e 1900, a produção de índigo na Índia aumentou, com exportações significativas para a Inglaterra, atingindo 19 mil toneladas em 1896/97. Em 1865, o químico alemão Johann Friedrich Wilhelm Adolf von Bayer iniciou estudos sobre o anil, culminando na primeira síntese química do corante em 1880. A BASF introduziu o primeiro índigo sintético em 1905, e em 1913, o índigo natural foi quase totalmente substituído.
Com a introdução do índigo sintético, a demanda pelo índigo natural caiu, tornando as plantações economicamente inviáveis para muitos agricultores. A falência social no sul da Índia, resultante da interrupção do fornecimento ao mercado europeu, gerou um impacto catastrófico, levando Mahatma Gandhi a avaliar a situação durante uma viagem de trem. Essa experiência se tornou uma das bandeiras de sua luta pela independência da Índia. O drama “Nildarpan”, escrito por Dinabandhu Mitra, retrata a escravidão vivida pelos indianos do sul, onde a produção de anil era central para a economia local. Essa obra é frequentemente comparada a “Uncle Tom’s Cabin” na literatura sobre escravidão.
Antes da industrialização do índigo sintético no final do século XIX, o índigo natural era o corante mais utilizado pela indústria têxtil, especialmente para lãs. Contudo, a síntese industrial fez com que a participação do índigo natural no mercado caísse para apenas 4% em 1914, gerando sérios problemas sociais na Índia. Na década de 1890, a área cultivada era de cerca de 600 mil hectares, com uma produção anual de 3.000 toneladas; nos anos 1950, esses números diminuíram para 4.000 hectares e apenas 50 toneladas.
Atualmente, o índigo voltou a ser cultivado na Índia, El Salvador, Guatemala, Estados Unidos e em partes do sudoeste da Ásia, Japão e noroeste da África. É utilizado localmente em técnicas artesanais de tingimento, como batik, shibori e tie-dye, e há um pequeno comércio de exportação. Recentemente, o interesse pelo índigo natural aumentou na Europa Ocidental e no mercado norte-americano, especialmente para tecidos de denim, em resposta a tendências socioambientais na moda. Entretanto, isso não resultou em um aumento significativo nas exportações, que variaram de 4 a 25 toneladas entre 1990 e 2000.
Nos EUA, desenvolveu-se um método biotecnológico para produzir índigo natural usando bactérias, mas seu impacto no mercado ainda é incerto. Em 2005, a produção global de índigo sintético alcançou 19.000 toneladas, e quase todo o índigo atualmente produzido é sintético, amplamente utilizado para dar cor às calças “blue jeans”.
Índigo Natural e Sustentabilidade
O crescimento do mercado de têxteis sustentáveis, como algodão orgânico e novas fibras com forte apelo ambiental, promove uma nova abordagem em relação às cores na moda. O índigo natural se destaca como uma alternativa viável, permitindo que a agricultura familiar forneça o pigmento azul e estabeleça uma nova cadeia de suprimentos.
Essa transição pode resultar em uma redução significativa do impacto ambiental, uma vez que o índigo de origem vegetal é biodegradável e diminui o uso de produtos químicos nocivos adotados no tingimento com o índigo sintético. À medida que o setor da moda se torna mais consciente dos benefícios dessa substituição, é provável que mais empresas adotem essa abordagem.
Nome comercial do nosso Índigo: Azul Índigo Vegetal IT (Forma Pó)
ETNO Botânica
Produtos Sustentáveis LTDA.
CNPJ: 09.021.625/0001-04
Estrada do Monte Belo, Km 4,5
Berta Rural – 37.466-000
Itamonte – Minas Gerais
www.etnobotanica.com.br
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Informamos ainda que nesta primavera e verão (24/25) estaremos realizando diversas extrações de Índigo a partir das folhas de Anileiras, aqui em nossa sede em Itamonte - Sul de MG.
Caso você tenha interesse em participar e acompanhar, são normalmente 03 dias entre colheita / fermentação / oxigenação / precipitação e secagem.
Em breve abriremos vagas para workshop's de Índigo. !